Desastres naturais movimentam o setor de seguros

Entre 2016 e 2021 porcentagem de empresas que declaram preocupação com questões ambientais, sociais e de governança ao desenvolver produtos e serviços saltou de 43 para 73,7%

O primeiro trimestre de 2023 foi marcado por diversas catástrofes naturais em todo o mundo. Os litorais de São Paulo, Paraná e Santa Catarina foram os mais impactados no Brasil. As chuvas em São Paulo durante o Carnaval atingiram casas, estradas e milhares de carros. Em dois dias, seguradoras somaram quase 3 mil atendimentos a veículos interditados pelas chuvas.  “Os impactos decorrentes dos eventos da natureza têm exigido cada vez mais a atenção das seguradoras. Tem sido um momento de aprendizado e desenvolvimento constante na linha da prevenção, equilíbrio de resultado, desenvolvimento e aprimoramento de produtos”, afirma Danielle Saad Ribeiro, superintendente Comercial Bradesco Auto e Ramos Elementares e Diretora de Multirriscos do ISB Brasil.

Ela explica que a Bradesco Seguros desenvolveu um plano de contingência para atender as situações de calamidade, que inclui ajudar segurados através de força-tarefa. “A tragédia no litoral de São Paulo foi a 36ª operação de calamidade da Companhia. A Bradesco mobiliza toda sua forca contingencial para o local, incluindo guinchos, vans e time de sinistro para uma operação de regulação massiva. Os aprendizados são inúmeros, como o despertar da urgência em conscientizar a população consumidora de seguro de residência da importância da cobertura de alagamento”, diz.

Richard Jean Coelho, gerente Regional da Sancor e Diretor de Relacionamento com Mercado do ISB Brasil, explica que as seguradoras sempre se mobilizam em caráter emergencial e adotam diversas iniciativas para atender clientes e auxiliar não clientes (comunidade/sociedade), seja devido ocorrências com automóveis, residências e/ou vida.  “Elas disponibilizam, de forma geral, equipes de atendimento 24h, com estrutura relevante como guinchos e outros serviços. Prestam até auxílio aos não clientes, com o deslocamento dos veículos para local seguro para que os proprietários tenham condições de solicitar seus atendimentos”, observa.

Crescimento do setor

Danielle Saad Ribeiro, Diretora de Multirriscos do ISB Brasil

O tema mudanças climáticas já entrou na pauta do setor de seguros, tanto que a sétima edição do Relatório de Sustentabilidade do Setor de Seguros, organizado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), revela que, nos últimos anos, a porcentagem das empresas que declararam a preocupação com questões ambientais, sociais e de governança no momento de desenvolver produtos e serviços saltou de 43%, em 2016 para 73,7% em 2021.

Da mesma forma, aumentou a procura por proteção. Segundo dados da CNSEG, em 2022 aumentou 16,2% a procura pelos produtos de proteção no Brasil. Isso se deve, principalmente, por uma maior consciência da população sobre a importância do setor e da segurança que ele oferece. No mesmo ano, as indenizações no mercado de seguros cresceram em linha com a arrecadação que totalizou R$ 355,9 bilhões.

“O mercado segurador não tem como diminuir a dor de quem perdeu um ente querido, mas consegue amenizar o sofrimento material dos segurados e da população”, diz. “Importante sempre alertar o segurado sobre a necessidade de conversar com o profissional habilitado (corretor de seguros), e avaliar os riscos das chuvas (onde trafega ou se mora próximo de locais que alagam). Pois quando falamos de seguro automóvel, por exemplo, os seguros possuem cobertura que incluem proteção contra fenômenos naturais (ventos fortes, enchentes, chuva de granizo, queda de objetos no carro, deslizamento de terra, incêndio e raios)”, explica Richard.

“Quando ocorre uma calamidade como a enchente, além das propriedades imóveis atingidas e os veículos, vidas também são perdidas. O mutualismo e a solvência das seguradoras permitem que os prejuízos sejam amenizados através das indenizações. Neste sentido, o crescimento do mercado de seguros no país é importante e deve ser construído a quatro mãos, ou seja, com uma aliança entre corretores e seguradores”, afirma Danielle.

Richard Jean Coelho, Diretor de Relacionamento com Mercado do ISB Brasil

A superintendente explica que o apoio do corretor de seguros na orientação correta a respeito do acionamento da seguradora é fundamental, principalmente por ser o consultor do cliente, “muitas vezes o amigo que num momento crítico tem a função de trazer a informação e orientar o fluxo correto, além de todo apoio emocional”. Ela destaca que seguradoras têm demostrado grande flexibilidade através das indenizações expressas e em massa, colocando em primeiro lugar a segurança e bem-estar dos clientes.

Para Richard, as seguradoras estão criando valor de oportunidades em um mundo em constante mudança. “Elas se adaptam às tendências, conhecem as necessidades dos clientes e criam valor para os corretores de seguros e seus investidores. O corretor de seguros tem a oportunidade de fazer parte da solução para os desafios seja nas dimensões ambiental, social e de governança. O corretor é o elo do segurado nessa proteção”, finaliza.